segunda-feira, 27 de julho de 2015

SÓ JUSTIÇA

Na prática todos querem, porém poucos possuem. A dificuldade já começa quando se tenta definir o que é justiça, pois as definições não têm única direção. Os juristas parecem ser os que mais refletem o desafio de sintetizar seu conteúdo, pois a justiça é a razão da própria área de atuação.

O que é justo? Todos possuem suas razões para justificar seja lá o que for. E o problema maior da justiça parece ser indicado exatamente pelo direito que todos possuem de se autojustificar. Talvez possa ser uma autodefesa acerca da justiça determinada por poucos ou insuficiente.

Quando poucos definem o que é justo, a justiça torna-se mínima, tendenciosa - alguns a chamam de cega. Quando o justo fica demasiado sintético torna-se excludente. Que complicação! Justiça abrangente não chega a definição e justiça limitada é sempre insuficiente.

Atribuir o direito de definir e exercer justiça a outro é sempre renúncia, tentar de forma setorizada é o encontro agendado com a confusão. Ignorar a justiça é entregar-se a barbárie. Promovê-la sem consciência, um desatino impetuoso.

Marcada historicamente pela força e formosura, a justiça reclama ainda identidade e sempre de novo reciclagem inclusiva. A revisão do que se compreende por justiça natural e a reconfiguração da justiça positiva.

O instigar para além das normas técnicas é uma exigência tão grande quanto o olhar aquém, necessário exercício para capturar o real, o temporal e o eterno. "Seja feita Tua Justiça".

Por isso, sua contribuição significa muito à justiça.

Ederson Malheiros Menezes

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Discursos e dialogos - Como fazer?

Na última postagem sobre Dicas, disse que iria fornecer alguns conselhos sobre diálogos, mas, por mais que seja divertido brincar com os diálogos dos personagens, é de extrema importância que o escritor conheça os três tipos de discursos para conseguir elaborar bons diálogos. Sendo assim, peço desculpas pela mudança, mas tenho certeza que essa é a melhor forma.
Com tudo devidamente explicado, vamos seguir com as dicas do Folhetim.
Hoje, vou introduzir o conceito de discursos que, segundo o Dicionário Houaiss quer dizer: “enunciado oral ou escrito em que se supõe um locutor e um interlocutor“. Assim, temos, então, o Discurso Direto, Indireto e o Indireto Livre, técnicas narrativas extremamente utilizadas em textos literários.
Tenha em mente que o correto uso dos discursos pode influenciar na fluência da história e, consequentemente, no sucesso com os leitores. Portanto, não deixe de conferir como cada discurso é produzido e quais as melhores formas de utilizá-lo para ter um texto mais interessante.

Discursos: o Direto; o Indireto e o Indireto Livre


1. Discurso Direto
O discurso direto é o mais conhecido. Com ele, o narrador interrompe a narrativa com as falas do personagem, permitindo que ele possa “conversar” diretamente com o leitor, isto é, o narrador entrega a palavra ao próprio personagem.
Sua estrutura é muito simples, as falas são introduzidas por um verbo declarativo, dois pontos e, na outra linha, travessão.
O interessante, neste discurso, é que o escritor permite que o personagem tome vida através de suas próprias palavras. Ou seja, através do discurso direto, podemos estabelecer um vínculo direto com o personagem de forma integral e literal.
Vamos a um exemplo de Discurso Direto:
Sentado à mesa do bar, Carlos levantou-se e foi até a mesa de Júlia, uma antiga colega de faculdade e, sem muita pretensão, perguntou:
– Júlia?! Não acredito que é você! Nossa, quanto tempo!

2. Discurso Indireto
Nesta forma de discurso, o narrador, ao invés de deixar o personagem expressar suas opiniões, toma a fala para si e a reproduz em suas próprias palavras, interferindo na ligação entre o personagem e o leitor.
Muitas vezes, o uso do discurso indireto pode ser utilizado para esconder a personalidade do personagem, pois, como é o narrador que expressa a fala do personagem, a integralidade e literalidade da fala se perde na “tradução” do narrador.
Vale lembrar que no Discurso Indireto, o tempo verbal será sempre no passado e na 3ª pessoa, diferente do discurso direto, onde a fala ocorre naquele exato momento.
Abaixo, deixo um exemplo de Discurso Indireto:
Sentado à mesa do bar, Carlos levantou-se e caminhou até a mesa de Júlia, uma antiga colega de faculdade. Chegando à mesa, como se não a conhecesse, perguntou se ela era a Júlia, aquela antiga amiga, e quando viu que estava certo, espantou-se, afirmando que há muito não se encontravam.

3. Discurso Indireto Livre
O Discurso Indireto Livre é o resultado de uma mistura dos dois discursos anteriores, ou seja, uma pitada de discurso direto e indireto para compor as falas dos personagens.
Essa técnica é uma excelente ferramenta para expressar o que os personagens estão imaginando. Quais são seus sonhos, desejos e ações que farão no decorrer da história, permitindo que o leitor entre, verdadeiramente, na cabeça do personagem, podendo se identificar com ele e, porque não, torcer para que ele se dê bem no final da história.
O uso do discurso indireto livre pode ser muito gratificante para a história. Pois, com ele, o personagem acaba recebendo um maior destaque – caso seja necessário. Porém, para que esse discurso seja utilizado, o narrador precisa ser onisciente, isto é, aquele sabe tudo sobre os personagens; seus medos, anseios e desejos. Portanto, vê que essa técnica é muito utilizada para o personagem principal, assim como para outros que necessitam de maior destaque, como, por exemplo, o vilão.
Vejamos um exemplo de Discurso Indireto Livre:
Carlos sempre imaginou que a faculdade havia sido a sua melhor fase, não só pelos amigos, mas pelas festas. Ah, as festas…
As noites em claro que passava conversando com uma, duas, três, ou até quatro calouras era o que mais sentia falta. De fato que muitas conversas eram superficiais; notas, aulas chatas, professores chatos e provas. Enfim, conversas descartáveis, mas que rendiam boas horas de diversão.
Porém, para Carlos, as melhores conversas eram aquelas que varriam a madrugada adentro, parando somente para o café da manhã. Conversas que ele só tinha com Júlia, uma aluna do 2º período, uma linda mulher: morena, alta, incrivelmente sensual e, a melhor parte, inteligente. Ah, que saudade tinha de Júlia e suas conversas. E, sentado, esperando João que havia saído para fumar, Carlos se lembrava dessas longas conversar, imaginando o que teria acontecido com Júlia desde o final da faculdade, e se arrependendo por não ter mantido contato com ela.
Com certa tristeza no olhar, Carlos chamou o garçom e pediu mais uma porção de batata frita, como João havia lhe pedido, antes de sair. Porém, ao virar-se para procurar João, que já estava fora há mais de 15 minutos, Carlos não pode acreditar no que via. Júlia, a aluna do 2º semestre, estava sentada a duas mesas de distância, sozinha e perfeitamente linda. Seus cabelos soltos seguiam o ritmo da brisa que soprava pela janela. E com os olhos fixados naquela visão, certificou-se que era a mesma Júlia e, sussurando, afirmou em voz baixa: É ela!
Como se algo o forçasse a levantar, criou coragem e sem pretensão alguma, dirigiu-se até sua mesa e perguntou:
– Júlia?! Não acredito que é você! Nossa, quanto tempo!

E esses são as três técnicas.
Pretendi utilizar os mesmos personagens e as mesmas circunstâncias para que você pudesse ver o quão importante são esses três discursos. E espero que vocês tenham notado que, dependendo do discurso adotado, muita coisa pode mudar. Aliás, quem não imaginou que Carlos era mais um rapaz em um bar querendo se dar bem com Júlia? :)
E na próxima segunda (agora sim), daremos algumas dicas sobre a produção de diálogos. Não perca!
Fonte: <http://www.folhetimonline.com.br/2011/11/28/dicas-melhores-dialogos-entenda-os-3-tipos-de-discurso/>. Acesso em: 22/09/2015.

Escrever - Como melhorar?

O maior medo de qualquer escritor, seja ele iniciante ou profissional, é o inesperado Bloqueio Mental. Um momento de angústia e decepção pessoal.
Infelizmente, o bloqueio mental não é um privilégio de escritores. Muitos adolescentes, em fase de vestibular, têm essa dificuldade, principalmente quando ouvem do professor: Escrever uma redação é simples, basta seguir o feijão com arroz: Introdução – Desenvolvimento – Conclusão. Uma técnica simples, mas, quando uma foto aparece combinada com uma frase e o candidato precisa fazer uma relação entre as duas, essa técnica se torna praticamente inútil diante do desespero momentâneo que assola o cidadão.
Certamente, tanto eu quanto você já passamos por situações como essas, tanto na vida acadêmica quanto profissional. Mas saiba que existe uma forma perder esse medo ou, pelo menos, evitar que suas consequências durem mais do que 3 minutos.
A verdade é que não há uma fórmula para se escrever bem ou aquilo que se é pedido, mas há dicas que poderão te dar uma segurança maior, isso com certeza. Porém, antes de entrarmos nas dicas, deixaremos dois conselhos valiosos para que você possa aprimorar o seu lado escritor:
1º Ter um bom dicionário:
Um dicionário não só ajuda à escrita como proporciona a descoberta de novas palavras. Além de dispor de conjugações verbais, regras de gramática e, em muitos casos, sinônimos que ajudam a encorpar seu texto, o dicionário te dará, também, uma segurança na hora de escrever, como uma pedra fundamental da vida educacional de qualquer indivíduo.
2º Ter uma Leitura diversificada:
Leia livros, revistas, bulas de remédios, panfletos, notas de rodapé. Leia tudo que aparecer pela tua frente, sem preguiça e com calma. Manter contato com diversos textos (literários, jornalísticos ou informativos) possibilitará o desenvolvimento do seu lado crítico, permitindo melhores escolhas de leituras no futuro, pois, ninguém sabe o que lhe agrada ou não, sem antes conhecer o tema. Apesar de ser a parte mais trabalhosa, a leitura agrega conhecimentos que ficarão com você até o último dia de sua vida, ou até o início de um mal de Alzheimer. 😉

7 Dicas para Melhorar a Escrita:


1. Transcreva um diálogo.
Escolha uma entrevista de rádio, televisão ou até de vídeos na internet e transcreva aquele diálogo. Tente pontuar corretamente, usando um dicionário se for preciso. Além de aprender as formas de pontuação utilizadas em um diálogo, você poderá se preparar para as próximas dicas que virão.
2. Escreva um diário.
Por mais bobo que isso possa parecer, escrever um diário proporciona um autoconhecimento como te ajuda a perder o medo da escrita. Escrevendo somente para você, o medo de escrever errado e ser criticado somem, deixando você livre para se expressar verdadeiramente. Sem contar que, no futuro, você irá me agradecer por essa dica! 😉
3. Escolha um local, uma foto ou um quadro.
Focalizando na imagem, tente descrever o ambiente em que a imagem foi inserida. Por exemplo: se for a imagem de uma cadeira, descreva o material que ela é feita, o local onde ela foi colocada, a iluminação que entrava pela janela, ou a iluminação artificial que fez com que a imagem aparecesse. Descreva o clima: estava frio? Era inverno, verão, primavera ou outono? Tente se imaginar como um mero observador da cena. A descrição permite que o leitor entre na história. Nunca subestime o poder da sugestão.
4. Siga o exemplo do twitter.
Descreva o seu quarto (ambiente com a tua cara) em 140 palavras . Saber enxugar o texto é fundamental, principalmente quando você precisa demonstrar conhecimento em poucas palavras, como é o caso de redações de vestibular. Tente tirar proveito dessa técnica em outras mídias, seja um texto, uma redação ou até em pequenos contos. Se você não vê muito sentido nisso, veja como Eça de Queiroz descreve o Primo Basílio num dos primeiros parágrafos do livro:

A sala esteirada, alegrava, com o seu teto de madeira pintado a branco, o seu papel claro de ramagens verdes. Era em julho, um domingo; fazia um grande calor; as duas janelas estavam cerradas, mas sentia-se fora o sol faiscar nas vidraças, escaldar a pedra da varanda; havia o silêncio recolhido e sonolento de manhã de missa; uma vaga quebreira amolentava, trazia desejos de sesta, ou de sombras fofas debaixo de arvoredos, no campo, ao pé d’água; nas duas gaiolas, entre as bambinelas de cretone azulado, os canários dormiam; um zumbido monótono de moscas arrastava-se por cima da mesa, pousava no fundo das chávenas sobre o açúcar mal derretido, enchia toda a sala dum rumor dormente.

Esse parágrafo descreve como Luísa se sente; trancada em seu mundo, sem muita perspectiva de futuro. Quem leu, sabe que esse sentimento é que dá base para todo o livro. Enfim, Eça de Queiroz era um Gênio da descrição; portanto, sigam-no os bons.
5. Escolha um texto científico.
Escolha um texto científico e monte uma tabela sobre os pontos abordados. Foque nas ideias principais e veja como o autor estabelece a ligação das ideias para a conclusão do texto, o velho: A + B = C.
Essa prática ajudará na formulação de futuros textos mais críticos. Pois, além de te fornecer novos pontos de vista, você poderá utilizar a estrutura das conclusões em textos futuros. Não pense que na escrita tudo deve ser novo e original.
6. Entreviste uma pessoa.
Monte uma lista com perguntas, como naqueles cadernos de enquete do colégio, sem ser infantil. Tente fazer a lista como se cada resposta fosse um gancho para outra pergunta. Esse mecanismo ajuda tanto o entrevistado quanto os leitores, mantendo uma sequência lógica e temporal do que está sendo dito e lido. Teste com seus familiares, amigos e com você mesmo!
7. Seja um observador.
Muitas histórias surgem de um simples acontecimento, como por exemplo, uma bola sobre o telhado, um tombo na rua, uma batida de carro, uma chuva de sapos. Enfim, tudo que está ao seu redor faz parte de uma história, portanto, se quiser ser um bom contador de histórias, seja, antes de tudo, um bom observador. Observe o mundo, as pessoas, os animais, os comportamentos humanos e o balanço das árvores. Deixe sua mente fluir naquelas histórias e volte pra casa repleto de novos acontecimentos e histórias para contar.

Algumas dicas podem parecer um puro exercício de meditação; outras, um exercício chato e monótono. Mas, quem disse que escrever histórias é fácil? 😉
Fonte: <http://www.folhetimonline.com.br/2011/09/26/dicas-escreva-melhor-7-dicas-para-escritores/>. Acesso: 22/09/2015.

Conto - Como escrever?

Como havia prometido nas 7 dicas para escritores. Hoje, vou apresentar algumas dicas para quem pretende começar a escrever seus contos.
Porém, antes de iniciarmos, nada melhor do que entendermos as diferenças entre o Conto e a Crônica.
O Conto, como o próprio nome já diz, é o ato de contar uma história, ou seja, narrar, em prosa, uma pequena história com poucos personagens. Ao escrever, é necessário manter a concisão, a precisão e a profundidade. O conto não pode ser uma simples narrativa, é preciso que o final seja forte, produzindo uma euforia, uma excitação no leitor. Portanto, uma história curta e emocionante, com um final que surpreenda o leitor.
A Crônica, por outro lado, utiliza-se de acontecimentos diários para compor a narrativa. O Cronista acrescenta, aos fatos reais de sua narrativa, pitadas de ficção e fantasias, podendo, em certos textos, acrescentar a crítica como ponto mais alto do texto.
Portanto, o Conto, por envolver um lado mais emocional, torna-se mais abstrato que a crônica, na qual, os fatos e críticas são a sua maior expressão. No entanto, não pense que o Conto seja pura fantasia, pois, é através dos fatos reais que o contista desenvolverá suas narrativas, mas sem estar preso a elas. 😉
Bom, agora que já sabemos a diferença entre Contos e Crônicas, vamos às dicas de como escrever um Conto.

8 Dicas para escrever um Conto


1. Escolha uma situação
A situação não precisa ser uma história completa, basta ser um acontecimento, como, por exemplo: uma bola no telhado, uma batida de carro, uma pessoa acordando após um sonho. Enfim, um momento no tempo; uma pintura. Esse será o início do teu conto, ou seja, a narrativa começará a partir daquele evento.
2. Apresente o evento
Essa é uma das partes que eu mais gosto. É nesse momento que você começará a sair da realidade para ficção, ou seja, é neste ponto que sua narrativa deixa de lado os fatos reais para entrar numa realidade totalmente diferente do evento observado, onde ganhará um personagem e um ambiente. Nesse momento, portanto, é a hora que você pode tudo!
2.1 Descreva o evento
A descrição ajuda tanto o leitor quanto o escritor. É através dela que você poderá dividir o mesmo ambiente com o personagem e o leitor; é aquele momento mágico onde a tua imaginação ganha asas e cria um mundo totalmente novo e inesperado. Assim, se o seu momento for, por exemplo, uma batida de carro, descreva a batida e introduza o teu personagem na situação.
Você pode querer ser detalhista, descrevendo os cacos de vidros, a gritaria, as sirenes das ambulâncias, o alvoroço formado… Enfim, permitir que o leitor entre na tua imaginação. Porém, não perca muitas linhas com isso; descreva o ambiente para que o seu leitor possa entrar na história como um observador. Se a descrição for muito longa, pode ser que seu leitor acabe desistindo da leitura antes do grande final.
2.2 Não descreva o evento
Apesar de gostar muito da descrição, para se iniciar o conto não é necessário o uso da descrição. Utilize o evento somente para dar início à narrativa, deixando, caso queira, a descrição para uma outra situação.
Assim, imagine que a batida ocorreu diante de uma barbearia e que o seu personagem principal é o barbeiro ou o cliente que aguardava sua vez. Daí, devido à batida, o personagem principal, ao sair para ver o que havia acontecido, não percebeu que seu celular havia caído atrás do banco onde estava sentado. Então, por exemplo, seu conto poderia começar da seguinte forma: Cláudio não teria como imaginar que aquela batida seria o início de um péssimo dia…  
3. Fuja do óbvio 
Normalmente, sempre imaginamos o óbvio. Acredito que, ao ler o exemplo da batida, você imaginou que o personagem principal seria um dos envolvidos no acidente, estou certo? Se acertei, não se preocupe, isso é normal, aliás, esse exemplo foi proposital, justamente para explicar esta terceira dica.
O evento só serve para iniciar a narrativa, pouco importa se o seu personagem é, ou não, um dos envolvidos, o importante é que você não fique preso ao que 90% das pessoas pensariam. Veja que a batida somente serviu para dar início ao exemplo, pois, o personagem não estava envolvido diretamente com o evento. Aliás, uma batida de carro pode dar início a vários contos! A quantidade de pessoas envolvidas indiretamente com a batida, dependendo da cidade, pode chegar a mais 30. Portanto, não se deixe enganar pelo óbvio, lembre-se: o momento da apresentação do evento é o mais interessante e divertido, onde TUDO pode acontecer.
4. Desenvolvimento da narrativa
Agora que você já apresentou seu personagem, já situou ele no tempo e no espaço, vem a parte que mais exige da sua imaginação, ou seja, a criação da narrativa, propriamente dita. Nessa parte você deverá narrar os acontecimentos posteriores à situação inicial; portanto, Cláudio (personagem de nosso exemplo) voltará para a barbearia, cortará o cabelo e seguirá a sua vida, cuja narrativa caberá a você.
Ao dizer que a batida de carro seria o início de um péssimo dia, você já deixou o leitor curioso, logo, os acontecimentos posteriores terão que caminhar para justificar o motivo da curiosidade, isto é, o péssimo dia. Mantenha sempre a concisão e a precisão na narrativa. Por exemplo, se o “péssimo dia” foi causado pela batida, Cláudio, ao esquecer o celular na barbearia, não recebeu as ligações de sua esposa, uma mulher extremamente ciumenta, que acabará sofrendo um acidente de carro porque teve uma crise de ciúmes quando não conseguiu conversar com seu marido.
Veja que este poderia ser o final da sua narrativa, um final que seu leitor não imaginará com tanta facilidade, pois, sendo uma mulher ciumenta, o óbvio seria a morte de algum personagem. Logo, tendo nas mãos a cartada final, você deve conduzir o leitor durante todo o trajeto até que, finalmente, ele chegue ao fatídico momento.
5. Use diálogos
Os diálogos são essenciais para apresentar o personagem. Com ele, você pode abusar de erros gramaticais, caso queira demonstrar que o seu personagem não possui uma educação elevada; pode demonstrar que o seu personagem é mais introspectivo, mais extrovertido, mais brincalhão… Enfim, é uma forma de ajudar na elaboração do personagem, deixando a cargo do leitor a criação psicológica do personagem, por exemplo. Você pode evitar a descrição direta do personagem através dos diálogos. Portanto, não subestime os diálogos, eles são excelentes ferramentas para quebrar a ligação entre o narrador e o personagem.
6. Anote suas ideias
Muitos acreditam que são inspirados por Deus e, portanto, não precisam de mais nada além de um simples papel e caneta. Não acredite nisso! Apesar de existirem, esses casos são raros. O trabalho de um escritor é 99% de pesquisa e 5% de inspiração, como diz o dito popular. Por mais simples que possa parecer, escolher uma situação não garante a continuidade do conto, causando-nos o tão preocupante “bloqueio mental” e suas consequências.
O maior problema ao escrever um Conto não está no início, nem no desenvolvimento, mas no final, pois, se ele tem que surpreender de alguma forma o leitor, encontrar essa surpresa poderá demorar bastante, causando desconforto ao escritor que, misturado com o bloqueio causado pela insegurança, impedirá o desenvolvimento da história. Portanto, uma forma de evitar essas “travadas” é manter as suas ideias sempre anotadas, mesmo as mais absurdas. Um caderno cheio de ideias são práticos na hora de finalizar o conto, pois, muitas vezes, o final de um determinado conto pode estar no começo de outro e vice-versa. Então, não deixe de anotá-las! Além do mais, pode ser que outros contos estejam prontos para surgirem dessas anotações. 😉
7. O Final
O final de um Conto deve trazer uma euforia, uma excitação. Não precisa ser rebuscado, basta ser inesperado, algo que o leitor não estava esperando ou, pelo menos, que não fosse tão óbvio, como, por exemplo, o final do nosso exemplo, onde a esposa de Claudio morre em um acidente de carro, aliás, um final com a mesma situação que gerou toda a história. Essa estrutura cativa o leitor, deixando ele pensativo e ávido para deixar seu comentário. 😉
Para começar a escrever um Conto, basta vontade, boa imaginação e alguma situação.
Espero que essas dicas possam ajudá-los de alguma forma. O intuito deste post não foi criar uma regra, uma fórmula de como escrever um conto, mas, dar uma orientação e algumas ferramentas para que você possa escrever seus textos.
Na próxima segunda, daremos algumas dicas sobre a produção de diálogos. Não perca!
Fonte: <http://www.folhetimonline.com.br/2011/10/03/dicas-escreva-um-conto-8-dicas-para-contistas/>. Acesso em: 22/09/2015.

Crônica - Como escrever?

Antes de darmos as dicas desta semana, vamos esclarecer algumas diferenças básicas entre contos e crônicas.
Quando escrevi as 8 Dicas para Contistas, fiz uma comparação entre contos e crônicas, mostrando as diferenças e peculiaridades de cada um. Porém, nessas dicas, darei ênfase às crônicas para que as dicas fiquem de acordo com o tema escolhido.
Conto, como já dito, é o ato de narrar uma pequena história com poucos personagens, mantendo sempre a concisão, a precisão e a profundidade. Por outro lado, a Crônica – do grego chronos (tempo) – utiliza-se de acontecimentos diários para compor a narrativa. Marina Cabral, especialista em Língua Portuguesa e Literatura, classifica a crônica da seguinte maneira: lírica, humorística, crônica-ensaio, filosófica e jornalistica.
  • Lírica: o autor relata com nostalgia e sentimentalismo;
  • Humorística: o autor faz graça com o cotidiano;
  • Crônica-ensaio: o cronista, ironicamente, tece uma crítica ao que acontece nas relações sociais e de poder;
  • Filosófica: o autor faz uma reflexão de um fato ou evento;
  • Jornalística: o autor apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos; pode ser policial, esportiva, política etc.
Ou seja, a crônica trata de um registro de fatos do cotidiano, onde o autor carregará esses acontecimentos com uma carga pessoal, mostrando sua visão sobre aquele período de tempo.

6 Dicas para Escrever uma Crônica


1. A Escolha do Fato

Já que estamos trabalhando com a crônica, escolher um fato cotidiano e, de preferência, atual, é de extrema importância. Esse fato pode ser escolhido em jornais, situações que você mesmo tenha vivido ou presenciado, aliás, pode até ter acontecido com você.
O importante aqui, além de ser um fato cotidiano, é ter uma opinião formada sobre aquilo que aconteceu, pois, assim, você poderá partir para qualquer uma das classificações fornecidas.

2. Personagens?

Por se tratar de um fato cotidiano, a crônica não exige a presença de personagens, exatamente por levar ao leitor um ponto de vista do autor, a crônica, muitas vezes, perde essa concepção de pessoa, tempo e espaço, sendo possível a sua leitura muito depois do fato ter acontecido.
Assim, ao escolher a crônica como um meio para expressão sua opinião, busque fugir de personagens, foque nos acontecimentos e generalize as atitudes, caso seja esse o teu objetivo.

3. Evite Fantasiar

A crônica não é um conto. Portanto, nada de imaginar histórias que fogem ao fato escolhido. Mantenha os pés no chão. Fantasiar é permitido, desde que você mantenha o fato em destaque, utilizando a sua experiência para criar essa fantasia. Mas lembre-se: o fato é o centro do texto, não a fantasia.

4. Sua opinião é importante

Na classificação fornecida por Mariana Cabral, vê-se que a crônica é focada na experiência e na posição crítica do autor. Ou seja, é utilizar o fato para expressar sua opinião sobre o assunto. Porém, evite fatos muito polêmicos, pois, ao invés de criar uma crônica, você poderá criar uma crítica e gerar mais discussão do que reflexão.

5. Tamanho da Crônica

Esse é um grande problema. Por utilizar um fato cotidiano, a crônica tende a ser mais rápida e curta, pois acaba utilizando os conhecimentos do leitor para completar o texto. Assim, não exagerem nas descrições, argumentações e floreados. Seja direto, principalmente nos dias de hoje, onde textos muito longos tendem a não atrair muitos leitores. No entanto, tudo dependerá do seu público alvo.
Portanto, saiba para quem você está escrevendo e mantenha sempre a ideia de revisar o texto e retirar passagens que não agreguem qualidade ao texto.

6. Terminei, e agora?

Agora que você já escolheu o fato, deu a sua opinião e manteve a crônica num tamanho razoável, chegou a hora mais importante: Ler, reler e ler de novo.
Muitas vezes, ao escrevermos um texto, achamos que ele é uma obra de arte e queremos, o mais rápido possível, passá-lo para os outros. Porém, no calor do momento, podemos deixar alguma frase solta, erros de português e ideias desnecessárias. Logo, aqui que entrará a revisão do texto, uma das partes mais importantes.
Deixe de lado o orgulho e faça as revisões necessárias, pois, por mais que você seja um excelente escritor, você ainda pertence à raça humana e, como todos nós sabemos, errar faz parte. Assim, revise e lembre-se que você pode sair perdendo sem essa última e preciosa dica. 😉
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Bom, pessoal, essa são as dicas que eu tinha pra hoje. Espero que elas possam ajudá-lo de alguma forma. Lembrando que, se você possuir alguma outra matéria ou links que ajudarão os novos escritores a alcançarem seus objetivos, os comentários estão aqui pra isso, também.
Fonte: <http://www.colegioweb.com.br/redacao/como-fazer-uma-boa-cronica.html>. Acesso em 22/09/2015.