terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Individualidade X Individualismo

Pode-se dizer que o individual está vinculado a subjetividade de cada indivíduo, àquilo que é singular e lhe pertence. A individualidade garante a diversidade e pluralidade em termos de vida. Se assim não fosse teríamos humanos em série. Não que isso não tenha sido esforço de alguns, mas é a individualidade que garante o fracasso do intento. A individualidade se dá a partir da própria percepção daquilo que é diferente e externo, por isso, referente a um mundo interno que de alguns modos se exterioriza. A descoberta do diferente garante identidade própria, evidentemente que sempre pouco distinta daquela parte maior que lhe foi conferida socialmente. 

Já o individualismo se inscreve de forma diferente, como aquele que idolatra a individualidade a ponto de torná-la paradigma único de forma que ignora a diferença, aquilo que pertence ao outro - o outro. Neste processo são avivados outros elementos negativos como o egoísmo ou o narcisismo. O desafio é compreender o entorno deste processo que envolve tanto o mundo interior do indivíduo com o exterior. No interior evidentemente há conflitos emocionais e de valores, no exterior pressões por realidades que exercem força na alimentação das chamas internas.

Há a configuração de uma nova história e um novo mundo a partir deste processo denominado por alguns como "individualização" em que o individualismo assume caráter de liberdade desejada, porém assumido de forma inconsciente de seus resultados. Liberdade que mata o outro e restringe a vida.

Só há espaço para o individualismo por causa do empobrecimento dos aspectos coletivos, ou seja, pela desvalorização da vida compartilhada com o semelhante, seja no ambiente familiar ou na comunidade como um todo. É assim que se planta violência e transtornos sociais dos quais se questiona acerca da sua origem.

A individualidade é algo belo, digno de reconhecimento e valor. Porém o individualismo é algo perigoso, por isso, digno da pugna que garante o bem comum, a vida em comunidade.
 
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Ederson Malheiros Menezes (licenciado em sociologia, especialista em educação e mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Cidadão e Cidadania

Gosto da definição inicial que Manzini dá sobre cidadão, ela diz que é possível "afirmar que cidadão significa ter direitos e deveres, ser súdito e ser soberano". As implicações do enunciado não são tão breves como o próprio enunciado.

A cidadania sintetizada na prática pelas lutas e batalhas em torno dos direitos e deveres dos cidadãos é uma temática que agrega ou relaciona-se com diversas outras. Assim percebemos a partir dela a valorização dos direitos a partir da Constituição Brasileira, sua relação com o trabalho, com as leis, com as classes sociais, com os sistemas econômicos, com a educação, com as subjetividades, com a história, com a religião, com o Estado; enfim, com a vida.

Como não poderia deixar de ser, exatamente como tantas outras realidades que envolvem a vida humana a cidadania se apresenta de forma plural. E neste sentido se faz necessário o reconhecimento do seu verdadeiro caráter, pois algumas propostas de cidadania são mascaradas e muito mal intencionadas.

Por outro lado é fácil entregar-se ao apelo benéfico dos direitos, mas difícil fazer parte da conquista deles ou dos deveres que correspondem ao outro lado da moeda.

Vive-se o desafio da constituição do cidadão num tempo globalizado onde predomina a sociedade de consumo. Em que as palavras ética, responsabilidade e altruísmo estão fora de moda.

Mas para não permitir o domínio do pessimismo, não deve-se esquecer que cada dia e cada época reserva sempre oportunidade para se fazer algo melhor e diferente.

O que não deve jamais ser permitido é o desperdício ou até mesmo o roubo do espaço que por direito ocupa cada indivíduo em sociedade, o espaço público onde se preserva a liberdade e a democracia. Pois são estes espaços que garantem a existência das oportunidades e das mudanças, consequentemente dos sonhos não utópicos, porém conquistados nas ações de bem comum.

É assim que os direitos e deveres, encarnados pelo súdito que ao mesmo tempo é soberano constituem a revolucionária postura cidadã.

Ederson Malheiros Menezes