segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Os desafios da sociologia

Os desafios da Sociologia

Arnaldo Lemos Filho

            A sociologia tem, desde suas origens, contribuído para a ampliação do conhecimento dos homens sobre sua própria condição de vida e, fundamentalmente, para a análise das sociedades. Ela não se reduz à contestação e à denúncia e, por ser um conhecimento metódico, pode trazer benefícios à sociedade, na medida em que compõe um saber especializado, com suas teorias e pesquisas. É verdade que, muitas vezes, ela tem sido usada para produzir conhecimentos de interesse das classes dominantes, tornando-se um instrumento de controle, o que tem acarretado a burocratização e a domesticação de suas pesquisas. Outras vezes, porém, mantém uma postura crítica diante da ideologia dominante, trazendo como conseqüência mal-entendidos e perseguições.
            Uma das características da sociologia, segundo Ianni, é a sua capacidade de sempre questionar, discutindo o seu objeto e método (Ianni, 1997). Isso se explica pelo fato de que a realidade social é viva, complexa, intrincada e contraditória. Nesse início do século 21 o processo não tem sido diferente do final do século 20, nem mesmo do século 19: o seu objeto está sempre revelando transformações em todas as direções.
            As transformações sociais que vinham se elaborando ao longo do século 20 tornaram-se, agora, cada vez mais explícitas. De um lado, parece haver a continuidade da vida e de trabalho, modo de ser, pensar e agir. De outro, rupturas, descontinuidade, imprevistos simbolizados nos contrapontos: modernidade e pós-modernidade, realidade e virtualidade, globalização e diversidade.
            Ora, se olharmos as origens da sociologia, veremos que ela sempre foi assim, sendo denominada inclusive “a ciência da crise”. Não sendo obra de um único pensador, mas o resultado de circunstâncias históricas e contribuições intelectuais, ela surge, no contexto do conhecimento científico, com um corpo de idéias que se preocupou, e ainda se preocupa, como processo de constituição e desenvolvimento do sistema capitalista. Sua origem mescla-se com os processos sociais e econômicos que há muito vinham se constituindo na Europa, no campo da ciência e da tecnologia, da organização política, dos meios e processos de trabalho, das formas de propriedade da terra e dos instrumentos de produção, da distribuição do poder e da riqueza entre as classes, das tendências à secularização e racionalização que se mostravam em todas as áreas das atividades humanas.
            As transformações ocorridas, principalmente no século 18, na estrutura econômica com a Revolução Industrial e na estrutura política com a Revolução Francesa, trouxeram crises e desordens na organização da sociedade, o que levou alguns pensadores a concentrar suas reflexões sobre as suas conseqüências. Preocupado em encontrar remédios para as crises sociais, os positivistas como Saint-Simon (1760-1825) no início do século 19, e chegaram à conclusão de que os fenômenos sociais, como os físicos, estavam sujeitos a leis rigorosas. Principalmente para Comte, a desordem e a anarquia imperavam em razão da dominação de princípios (teológicos e metafísicos) que não podiam mais se adequar à sociedade industrial em expansão. Era, portanto, necessário superar esse estado de coisas, usando a razão como fundamento de uma reforma intelectual plena do homem. Cria então a “física social” que depois denominou sociologia.
            É dentro desse contexto histórico que devemos compreender as contribuições dos clássicos do pensamento sociológico: Marx, Durkheim e Weber.
            As mudanças ocorridas como conseqüência da Revolução Industrial fizeram emergir também a organização dos trabalhadores em associações e sindicatos bem como o socialismo que visava a uma alternativa para o capitalismo. Essas mudanças tiveram como resultado o desenvolvimento de um pensamento explicativo da realidade para se definirem as possibilidades de intervenção. Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) procuram estudar a sociedade capitalista a partir de seus princípios constitutivos e seu desenvolvimento. Sua preocupação fundamental é analisar, o mais profundamente possível, as contradições da sociedade capitalista com o objetivo de colocar à disposição dos trabalhadores uma arma eficaz para as suas lutas contra o capital. Com base neles, muitos pensadores desenvolveram trabalhos em vários campos do conhecimento, tais como Lenin (1870-1924), Trotsky (1879-1940), Rosa de Luxemburgo (1871-1919) e Gramsci (1891-1937).
            Mais tarde, na esteira do positivismo de Comte, surge Èmile Durkheim (1858-1917), que procurou insistentemente definir o caráter científico da sociologia. Sua preocupação com a ordem social leva-o a afirmar que o elemento fundamental da sociedade é a integração social que aparece, em sua obra, por meio do conceito de solidariedade que permite a articulação funcional de todos os elementos da realidade social. Sua obra influenciou outros pensadores relacionados com a sociologia e a História. Assim, Marcel Mauss (1872-1950), Maurice Halbwachs (1877-1945), Marc Bloch (1866-1944), Talcott Parsons (1902-1979), Roberty Merton (1910-?), trilharão os caminhos sugeridos por Durkheim.
            No mesmo período de Durkheim, Max Weber (1864-1920), na Alemanha, em outro contexto cultural e histórico, buscava sua explicação para a sociedade. A unificação alemã e o processo de industrialização tardio vão afetar, de modo significativo, o seu pensamento. Suas idéias percorrem os caminhos variados da história econômica, passando por questões religiosas, pelos processos burocráticos e pela discussão metodológica das ciências sociais. Seu ponto de partida é a compreensão da ação dos indivíduos, atuando e vivenciando situações sociais com determinadas motivações e intenções.
            Em síntese, podemos dizer que essas três vertentes, a marxista ou histórico-cultural, a durkheimiana ou funcionalista e a weberiana ou compreensiva, vão inspirar outros pensadores que, refletindo sobre a realidade em que vivem, mesclando ou não contribuições de diferentes linhas teóricas, demonstraram a possibilidade de responder aos desafios do mundo contemporâneo. Como afirma Quintanero, foi a partir da obra realizada pelos clássicos que a sociologia moderna se configurou como um campo de conhecimento com métodos e objetos próprios. Com o tempo, nenhum tema escaparia ao seu conhecimento: o Estado, as religiões, os povos “não-civilizados”, a família, a sexualidade, o mercado, a moral, a divisão do trabalho, os modos de agir, a estrutura da sociedade, e seus modos de transformação, a justiça, a bruxaria, a violência (Quintanero).
            Ora, neste início do século 21, os desafios continuam, permanecendo a sociologia a “ciência das crises”. Para Ianni, quando a globalização se constitui como novo emblema da sociologia, as teorias sociológicas que ainda predominam, em suas implicações metodológicas e epistemológicas, são ainda o marxismo, o funcionalismo e a teoria weberiana (Ianni, 1997). É evidente que em algumas interpretações da globalização e de problemas do mundo moderno aparecem a fenomenologia e outros pontos de vista, como evolucionismo, as teorias da ação social, da ação comunicativa, do interacionismo simbólico. Mas o marxismo, o funcionalismo e a teoria weberiana “são as três poderosas matrizes do pensamento científico que nunca deixaram de contemplar o indivíduo, a ação social, o cotidiano e outras manifestações das diversidades da vida social”. (Ianni, 1997). Durkheim está presente no estruturalismo e na teoria sistêmica, pois autores modernos redescobrem o princípio da causação funcional com o qual nasceram e se desenvolveram o funcionalismo e os neofuncionalismos. Marx serve de inspiração a muitos autores dedicados a interpretar as configurações e os movimentos da sociedade global, interpretações inspiradas, em última instância, no princípio da contradição. E na medida em que se multiplicam os estudos sobre a mundialização e a racionalização do mundo, a ocidentalização de outras sociedades, tribos, nações e nacionalidade, Weber torna-se presente. Ou seja, essas teorias, ainda hoje, no início do século 21, “fertilizam a maior parte de tudo o que se produz e se discute sobre as configurações e movimentos da sociedade global” (Ianni, 1997). Temas como identidade nacional, teorias do desenvolvimento e globalização, trabalho, qualidade de vida e ambiente, transformação da sociedade industrial e da pós-industrial, as novas representações de temporalidade e espaço social, relações entre saber e poder, poder e corpo, indivíduo e subjetividade, pluralidade de sujeitos, de lutas sociais e de situações de dominação devem ser tratados a partir de um olhar que busque, ao mesmo tempo, resgatar o pensamento dos clássicos, por meio de autores contemporâneos (PUC, 2001). Domingues lembra que teorias que enfatizam o plano micro da vida social, o interacionismo simbólico e a fenomenologia, abordagens que sublinham o caráter organizado da vida social, tais como as interpretações funcionalistas de Merton, Parsons e Luhmann, o estruturalismo de Bourdieu e a teoria de estruturação de Giddens, a Escola de Frankfurt, representada por Adorno, Horkheimer e Marcuse, com sua mescla de marxismo, freudismo e weberianismo, devem ser levadas em conta quando se fala em teorias sociológicas do século 20 (Dominguez, 2001).
            Creio que Dowbor sintetizou bem os principais eixos da sociedade global, eixos que têm em cada um deles, embutida, uma contradição: a tecnologia, a globalização, a polarização econômica, a urbanização e a transformação do trabalho. Enquanto as tecnologias avançam rapidamente, as instituições correspondentes avançam lentamente e esta mistura é explosiva. A economia globaliza-se, mas os sistemas de governo permanecem no âmbito nacional, gerando uma perda geral de governabilidade. A distância entre pobres e ricos aumenta dramaticamente, enquanto o planeta encolhe, a urbanização junta os pólos extremos da sociedade, levando a convívios contraditórios cada vez menos sustentáveis, deslocando o espaço da gestão do nosso cotidiano para a esfera local, enquanto os sistemas de governo continuam na lógica centralizada da primeira metade do século 20 e o mesmo sistema que promove a modernidade técnica gera a exclusão social, transformando o mundo numa imensa maioria de espectadores passivos que deveriam estar se maravilhando com as novas tecnologias surgidas (Dowbor, 1997). São esses os grandes desafios da Sociologia no início do século 21.

Referências Bibliográficas

Dominguez, José Maurício. Teorias sociológicas no século 20. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001, p. 8.
Dowbor, Ladislau. Globalização e tendências institucionais. In Ianni, Octavio (org.), Desafios da Globalização. Petrópolis, Vozes, 1997, p.15.
Ianni, Octavio. A sociologia numa era de globalismo. In Ferreira, Leila da Costa (org.), A sociologia no horizonte do século 21. São Paulo, Bom Tempo, 1997, p.13.
Ianni, Octavio, obra citada, p.23.
Ianni, Octavio, obra citada, p. 24.
Ianni, Octavio, obra citada, p. 24.
Puccamp, ICH – Projeto Pedagógico do Curso de Ciências Sociais – 2001.
Quintanero, Tânia. Um toque de clássicos. Belo Horizonte, UFMG, p.16.

Fonte: http://sociologial.dominiotemporario.com/os_desafios_da__27.html

domingo, 4 de novembro de 2012

Etnocentrismo


O QUE É ETNOCENTRISMO
(do Livro: "O que é Etnocentrismo", Everardo Rocha, Ed. Brasiliense, 1984, pág. 7-22)


Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.
Perguntar sobre o que é etnocentrismo é, pois, indagar sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e afetivos. No etnocentrismo, estes dois planos do espírito humano - sentimento e pensamento - vão juntos compondo um fenômeno não apenas fortemente arraigado na história das sociedades como também facilmente
Assim, a colocação central sobre o etnocentrismo pode ser expressa como a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e razões, enfim, pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. Este problema não é exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade. Talvez o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade.
Como uma espécie de pano de fundo da questão etnocêntrica temos a experiência de um choque cultural. De um lado, conhecemos um grupo do eu", o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí então de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.
Este choque gerador do etnocentrismo nasce, talvez, na constatação das diferenças. Grosso modo, um mal-entendido sociológico. A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural. O monólogo etnocêntrico pode, pois, seguir um caminho lógico mais ou menos assim: Como aquele mundo de doidos pode funcionar? Espanto! Como é que eles fazem? Curiosidade perplexa? Eles só podem estar errados ou tudo o que eu sei está errado! Dúvida ameaçadora?! Não, a vida deles não presta, é selvagem, bárbara, primitiva! Decisão hostil!
O grupo do "eu" faz, então, da sua visão a única possível ou, mais discretamente se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa. O grupo do "outro" fica, nessa lógica, como sendo engraçado, absurdo, anormal ou ininteligível. Este processo resulta num considerável reforço da identidade do "nosso" grupo. No limite, algumas sociedades chamam-se por nomes que querem dizer "perfeitos", "excelentes" ou, muito simplesmente, "ser humano" e ao "outro", ao estrangeiro, chamam, por vezes, de "macacos da terra" ou "ovos de piolho". De qualquer forma, a sociedade do "eu" é a melhor, a superior. É representada como o espaço da cultura e da civilização por excelência. É onde existe o saber, o trabalho, o progresso. A sociedade do "outro" é atrasada. É o espaço da natureza. São os selvagens, os bárbaros. São qualquer coisa menos humanos, pois, estes somos nós. O barbarismo evoca a confusão, a desarticulação, a desordem. O Selvagem é o que vem da floresta, da selva que lembra, de alguma maneira, a vida animal. O outro" é o "aquém" ou o "além", nunca o "igual" ao "eu".
O que importa realmente, neste conjunto de idéias, é o fato de que, no etnocentrismo, uma mesma atitude informa os diferentes grupos.
O que importa realmente, neste conjunto de idéias, é o fato de que, no etnocentrismo, uma mesma atitude informa os diferentes grupos. O etnocentrismo não é propriedade, como já disse, de uma única sociedade, apesar de que, na nossa, revestiu-se de um caráter ativista e colonizador com os mais diferentes empreendimentos de conquista e destruição de outros povos.
A atitude etnocêntrica tem, por outro lado, um correlato bastante importante e que talvez seja elucidativo para a compreensão destas maneiras exacerbadas e até cruéis de encarar o "outro". Existe realmente, paralelo à violência que a atitude etnocêntrica encerra, o pressuposto de que o "outro" deva ser alguma coisa que não desfrute da palavra para dizer algo de si mesmo.
Creio que é necessário examinar isto melhor e vou fazê-lo através de uma pequena estória que me parece exemplar.
Ao receber a missão de ir pregar junto aos selvagens um pastor se preparou durante dias para vir ao Brasil e iniciar no Xingu seu trabalho de evangelização e catequese. Muito generoso, comprou para os selvagens contas, espelhos, pentes, etc.; modesto, comprou para si próprio apenas um moderníssimo relógio digital capaz de acender luzes, alarmes, fazer contas, marcar segundos, cronometrar e até dizer a hora sempre absolutamente certa, infalível. Ao chegar, venceu as burocracias inevitáveis e, após alguns meses, encontrava-se em meio às sociedades tribais do Xingu distribuindo seus presentes e sua doutrinação. Tempos depois, fez-se amigo de um índio muito jovem que o acompanhava a todos os lugares de sua pregação e mostrava-se admirado de muitas coisas, especialmente, do barulhento, colorido e estranho objeto que o pastor trazia no pulso e consultava freqüentemente. Um dia, por fim, vencido por insistentes pedidos, o pastor perdeu seu relógio dando-o, meio sem jeito e a contragosto, ao jovem índio.
A surpresa maior estava, Porém, por vir. Dias depois, O índio charnou-o apressadamente para mostrar-lhe, muito feliz, seu trabalho. Apontando seguidamente o galho superior de uma árvore altíssima nas cercanias da aldeia, o índio fez o pastor divisar, não sem dificuldade, um belo ornamento de penas e contas multicolores tendo no centro o relógio. O índio queria que o pastor compartilhasse a alegria da beleza transmitida por aquele novo e interessante objeto. Quase indistinguível em meio às penas e contas e, ainda por cima, pendurado a vários metros de altura, o relógio, agora mínimo e sem nenhuma função, contemplava o sorriso inevitavelmente amarelo no rosto do pastor. Fora-se o relógio.
Passados mais alguns meses o pastor também se foi de volta para casa. Sua tarefa seguinte era entregar aos superiores seus relatórios e, naquela manhã, dar uma última revisada na comunicação que iria fazer em seguida aos seus colegas em congresso sobre evangelização. Seu tema: "A catequese e os selvagens". Levantou-se, deu uma olhada no relógio novo, quinze para as dez. Era hora de ir. Como que buscando uma inspiração de última hora examinou detalhadamente as paredes do seu escritório.
Nelas, arcos, flechas, tacapes, bordunas, cocares, e até uma flauta formavam uma bela decoração. Rústica e sóbria ao mesmo tempo, trazia-lhe estranhas lembranças. Com o pé na porta ainda pensou e sorriu para si mesmo. Engraçado o que aquele índio foi fazer com o meu relógio.
Esta estória, não necessariamente verdadeira, porém, de toda evidência, bastante plausível, demonstra alguns dos importantes sentidos da questão do Etnocentrismo.
Em primeiro lugar, não é necessário ser nenhum detetive ou especialista em Antropologia Social (ou ainda pastor) para perceber que, neste choque de culturas, os personagens de cada uma delas fizeram, obviamente, a mesma coisa. Privilegiaram ambos as funções estéticas, ornamentais, decorativas de objetos que, na cultura do "outro", desempenhavam funções que seriam principalmente técnicas. Para o Pastor- o uso inusitado do seu relógio causou tanto espanto quanto o que causaria ao jovem índio conhecer o uso que o pastor deu a seu arco e flecha. Cada um "traduziu" nos termos de sua própria cultura o significado dos objetos cujo sentido original foi forjado na cultura do "outro". O etnocentrismo passa exatamente por um julgamento do valor da cultura do "outro" nos termos dá cultura do grupo do "eu".
Em segundo lugar, esta estória representa o que se poderia chamar, se isso fosse possível, de um etnocentrismo "cordial", já que ambos - o índio e o pastor - tiveram atitudes concretas sem maiores conseqüências. No mais das vezes, o etnocentrismo implica uma apreensão do "outro" que se reveste de uma forma bastante violenta. Como já vimos, pode colocá-lo como "primitivo", como "algo a ser destruído", como "atraso ao desenvolvimento", (fórmula, aliás, muito comum e de uso geral no etnocídio, na matança dos índios).
Assim, por exemplo, um famoso cientista do início do século, Hermann von Ihering, diretor do Museu Paulísta, justificava o extermínio dos índios Caingangue por serem um empecilho ao desenvolvimento e à colonização das regiões do sertão que eles habitavam. Tanto no presente como no passado, tanto aqui como em vários outros lugares, a lógica do extermínio regulou, infinitas vezes, as relações entre a chamada civilização ocidental" e as sociedades tribais. Isso lembra o comentário, tristemente exemplar, de uma criança, de um grande centro urbano, que, de tanto ouvir absurdos sobre o índio, seja em casa, seja nos livros didáticos, seja na indústria cultural, acabou por defini-los dizendo: "o índio é o maior amigo do homem".
Em terceiro lugar, a estória ainda ensina que o "outro" e sua cultura, da qual falamos na nossa sociedade, são apenas uma representação, urna imagem distorcida que é manipulada como bem entendemos. Ao "outro" negamos aquele mínimo de autonomia necessária para falar de si mesmo. Tudo se passa como se fôssemos autores de filmes e livros de ficção científica onde podemos falar e pensar o quanto é cruel, grotesca e monstruosa uma civilização de marcianos que capturou nosso foguete. Também, porque somos os autores destes filmes e livros, nada nos impede de criarmos um marciano simpático, inteligente e superpoderoso que com incrível perícia salva a Terra de uma colisão fatal com um meteoro gigante. Claro, como o marciano não diz nada, posso pensar dele o que quiser.
Assim, de um ponto de vista do grupo do "eu os que estão de fora podem ser brabos e traiçoeiros bem como mansos e bondosos. Aliás, "brabos" e "mansos" são dois termos que muitas vezes foram empregados no Brasil para designar o "humor" de determinados animais e o "estado" de várias. tribos de índios ou de escravos negros.
A figura do louco, por exemplo, na nossa sociedade, é manipulada por uma série de representações que oscilam entre estes dois pólos, sendo denegrida ou exaltada - como o marciano - ao sabor das intenções que se tenha. Isto não só ao longo da história, mas também em diferentes contextos no presente. A expressão "fulano é muito louco" pode ser elogiosa em certos casos e pejorativa em outros. Em alguns momentos da história o louco foi acorrentado e torturado, em outros, foi feito portador de uma palavra sagrada e respeitada.
Aqueles que são diferentes do grupo do eu – os diversos "outros" deste mundo - por não poderem dizer algo de si mesmos, acabam representados pela ótica etnocêntrica e segundo as dinâmicas ideológicas de determinados momentos.
Na nossa chamada "civilização ocidental", nas sociedades complexas e industriais contemporâneas, existem diversos mecanismos de reforço para o seu estilo de vida através de representações negativas do "outro". O caso dos índios brasileiros é bastante ilustrativo, pois alguns antropólogos estudiosos do assunto já identificaram determinadas visões básicas, determinados estereótipos, que são permanentemente aplicados a estes índios.
Eu mesmo realizei, há alguns anos, um estudo sobre as imagens do índio nos livros didáticos de História do Brasil. Estes livros têm importância fundamental na formação de uma imagem do índio, pois são lidos e, mais ainda, estudados por milhões de alunos pré-universitários nos mais diversos recantos do país. Alguns destes livros alcançam tiragens altíssimas e já tiveram mais de duzentas edições. Através deles circula um "saber" altamente etnocêntrico - honrosas exceções sobre os índios.
Os livros didáticos, em função mesmo do seu destino e de sua natureza, carregam um valor de autoridade, ocupam um lugar de supostos donos da verdade. Sua informação obtém este valor de verdade pelo simples fato de que quem sabe seu conteúdo passa nas provas. Nesse sentido, seu saber tende a ser visto como algo "rigoroso", sério" e "científico". Os estudantes são testados, via de regra, em face do seu conteúdo, o que faz com que as informações neles contidas acabem se fixando no fundo da memória de todos nós. Com ela se fixam também imagens extremamente etnocêntricas.
Alguns livros colocavam que os índios eram incapazes de trabalhar nos engenhos de açúcar por serem indolentes e preguiçosos. Ora, como aplicar adjetivos tais como "indolente" e "preguiçoso" a alguém, um povo ou uma pessoa, que se recuse a trabalhar como escravo, numa lavoura que não é a sua, para a riqueza de um colonizador que nem sequer é seu amigo: antes, muito pelo contrário, esta recusa é, no mínimo, sinal de saúde mental.
Outro fato também interessante é que um número significativo de livros didáticos começa
com a seguinte informação: os índios andavam nus. Este "escândalo" esconde, na verdade, a nossa noção absolutizada do que deva ser uma roupa e o que, num corpo, ela deve mostrar e esconder. A estória do nosso amigo missionário serviu para a constatação das dificuldades de definir o sentido de um objeto - o relógio ou o arco - fora dos seus contextos culturais. Da mesma maneira, nada garante que os índios andem nus a não ser a concepção que eles mesmos tenham de nudez e vestimenta.
Assim, como o "outro" é alguém calado, a quem não é permitido dizer de si mesmo, mera imagem sem voz, manipulado de acordo com desejos ideológicos, o índio é, para o livro didático, apenas uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos. Em outras palavras, o índio é "alugado" na História do Brasil para aparecer por três vezes em três papéis diferentes.
O primeiro papel que o índio representa é no capítulo do descobrimento. Ali, ele aparece como selvagem", "primitivo", "pré-histórico", "antropófago", etc. Isto era, para mostrar o quanto os portugueses colonizadores eram "superiores" e civilizados".
O segundo papel do índio é no capítulo da catequese. Nele o papel do índio é o de "criança", "inocente", "infantil", "almas virgens", etc., para fazer parecer que os índios é que precisavam da ,,proteção" que a religião lhes queria impingir.
O terceiro papel é muito engraçado. É no capítulo "Etnia brasileira". Se o índio já havia aparecido como "selvagem" ou "criança", como iriam falar de um povo - o nosso - formado por portugueses, negros e "crianças" ou um povo formado por portugueses, negros e "selvagens"? Então aparece um novo papel e o índio, num passe de mágica etnocêntrica, vira "corajoso", "altivo", cheio de "amor à liberdade".
Assim são as sutilezas, violências, persistências do que chamamos etnocentrismo. Os exemplos se multiplicam nos nossos cotidianos. A "indústria cultural" - TV, jornais, revistas, publicidade, certo tipo de cinema, rádio - está freqüentemente fornecendo exemplos de etnocentrismo. No universo da indústria cultural é criado sistematicamente um enorme conjunto de "outros" que servem para reafirmar, por oposição, uma série de valores de um grupo dominante que se autopromove a modelo de humanidade.
Nossas próprias atitudes frente a outros grupos com os quais convivemos nas grandes cidades são, muitas vezes, repletas de resquícios de atitudes etnocêntricas. Rotulamos e aplicamos estereótipos através dos quais nos guiamos para o confronto cotidiano com a diferença. As idéias etnocêntricas que temos sobre as "mulheres", os ,,negros", os "empregados", os "paraíbas de obra", os "colunáveis", os "doidões", os "surfistas", as "dondocas", os "velhos", os "caretas", os "vagabundos", os gays e todos os demais "outros" com os quais temos familiaridade, são uma espécie de "conhecimento" um "saber", baseado em formulações ideológicas, que no fundo transforma a diferença pura e simples num juízo de valor perigosamente etnocêntrico.
Mas, existem idéias que se contrapõem ao etnocentrismo. Uma das mais importantes é a de relativização. Quando vemos que as verdades da vida são menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição: estamos relativizando. Quando o significado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta mas no contexto em que acontece: estamos relativizando. Quando compreendemos o "outro" nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando. Enfim, relativizar é ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação. Ver as coisas do mundo como a relação entre elas. Ver que a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado. Relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença.
A nossa sociedade já vem, há alguns séculos, construindo um conhecimento ou, se quisermos, uma ciência sobre a diferença entre os seres humanos. Esta ciência chama-se Antropologia Social. Ela, como de resto quase todas as atitudes que temos frente ao "outro", nasceu marcada peio etnocentrismo. Ela também possui o compromisso da procura de superá-lo. Diferentemente do saber de "senso comum", o movimento da Antropologia é no sentido de ver a diferença como forma pela qual os seres humanos deram soluções diversas a limites existenciais comuns. Assim, a diferença não se equaciona com a ameaça, mas com a alternativa. Ela não é uma hostilidade do "outro’, mas uma possibilidade que o "outro" pode abrir para o "eu". 

Fonte: http://www.cefetsp.br/edu/eso/comportamento/oqueetnocentrismo.html

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Movimentos Sociais

Os movimentos sociais estão baseados em uma representação envolvendo um coletivo de pessoas demandando algum bem material ou simbólico.

Há uma multiplicidade de interpretações e enfoques sobre o que são movimentos sociais.

Os movimentos se constituem na contracorrente das relações de dominação-subordinação (tais relações também podem ocorrer entre diferentes grupos membros das elites).

Há então uma recusa em reconhecer a existência, a priori, de uma definição ou conceituação geral, única e universal, pelo fato desta definição variar segundos os paradigmas teórico-metodológicos que embasam a análise do autor. Entretanto, é possível localizar dentro de cada teoria de um dado paradigma qual concepção que está utilizando de movimento social.

Destaca-se a diferença entre movimento e grupo de interesse, pois interesses comuns de um grupo são um componente de um movimento mas não bastam para caracterizá-lo como tal.

A ação de um grupo de pessoas tem de ser qualificada por uma série de parâmetros para ser um movimento social. Este grupo deve estar constituído enquanto um coletivo social e para tal necessita de uma identidade em comum. Ser negro, ser mulher, defender as baleias ou não ter teto para morar são atributos que qualificam os componentes de um grupo e dão a eles objetivos comuns para ação. Há uma realidade em comum, anterior à aglutinação de seus interesses.

Movimento social é um fenômeno de opinião de massa lesada, mobilizada em contato com as autoridades.

Movimento social trata-se de uma ação coletiva fora da esfera estabelecida pelas instituições. Sendo assim um movimento social deixa de ser movimento quando se institucionaliza, quando por exemplo se torna uma ONG.

Movimento social refere-se à ação dos homens na história. Esta ação envolve um fazer - por meio de um conjunto de procedimentos -  e um pensar - por meio de um conjunto de ideias que motiva ou dá fundamento a ação. Trata-se de um práxis portanto.

Os movimentos vão voltam segundo a dinâmica do conflito social, da luta social, da busca do novo ou reposição/conservação do velho. Estes fatores conferem às ações dos movimentos caráter reativo, ativo ou passivo. Movimentos sociais são uma das formas possíveis de mudança e transformação social.

As classes sociais surgem na luta social, as classes não antecedem mas surgem na luta. Luta social é um conceito mais abrangente e as classes sociais são uma das formas, e não a única, de agrupar as ações dos homens na história. Classe se refere às ações do indivíduos enquanto agentes produtores e reprodutores socioeconômicos, mas não dá conta de explicar todas as dimensões e fenômenos da vida social. Por isso se desenvolveu a categoria dos atores sociais. Esta não se contrapõe a classe social porque "ator" é um conceito.

Grande parte dos eixos temáticos dos movimentos sociais contemporâneos não diz respeito ao conflito de classe mas a conflitos entre atores da sociedade.

Não bastam as carências para haver um movimento. Elas têm de se traduzir em demandas, que por sua vez poderão se transformar em reivindicações, por meio de uma ação coletiva. O conjunto deste processo é parte constitutiva da formação de um movimento social.

O conjunto desses fatores - carências, legitimidade da demanda, poder político das bases, cenário conjuntural e cultura política do grupo - resultará na força social de um movimento, gerando o campo de forças do movimento social.

Em síntese:

Movimentos sociais são ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil. As ações se estruturam a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em conflitos, litígios e disputas vivenciados pelo grupo na sociedade. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva para o movimento, a partir dos interesses em comum. Esta identidade é amalgamada pela força do princípio da solidariedade e construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo, em espaços coletivos não-institucionalizados. Os movimentos geram uma série de inovações nas esferas pública (estatal e não-estatal) e privada; participam direta ou indiretamente da luta política de um país, e contribuem para o desenvolvimento e a transformação da sociedade civil e política. Estas contribuições são observadas quando se realizam análises de períodos de média ou longa duração histórica, nos quais se observam os ciclos de protestos delineados. Os movimentos participam portanto de mudanças social histórica de uma país e o caráter das transformações geradas poderá ser tanto progressista como conservador ou reacionário, dependendo das forças sociopolíticas a que estão articulados, em suas densas redes;  e dos projetos políticos que constroem com suas ações. Eles têm como base de suporte entidades e organizações da sociedade civil e política, com agendas de atuação construídas ao redor de demandas socioeconômicas ou politico-culturais que abrangem as problemáticas conflituosas da sociedade onde atuam.

Texto extraído e adaptado de "Teoria dos Movimentos Sociais" de Maria da Glória Gohn

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Reflexão a partir das teorias psicológicas e sua visão de aprendizagem

O grande desafio do educador ou educadora é ensinar, tornar a aprendizagem uma realidade na vida do educando. O desafio se constitui em dilema e reflexão, a aprendizagem torna-se o objeto de estudo de várias vertentes do conhecimento.

A proposta deste texto é atiçar a questão caminhando por entre alguns dos principais elementos das teorias psicológicas de aprendizagem, o comportamentalismo, o construtivismo e a psicanálise.

Um dos princípios básicos do comportamentalismo diz que toda a ação carregada de satisfação será repetida e então aprendida, ou seja, a base da aprendizagem está na satisfação alcançada em uma ação. Em outras palavras, poderíamos nos indagar sobre a forma da satisfação, do prazer, pois ao descobrir tal essência poderíamos relacioná-la com conteúdos então tidos como adequados.

Podemos nos perguntar sobre: o que as pessoas estão aprendendo? Aquilo que lhes dá prazer hoje revela também um conteúdo? Alguns prazeres são latentes, construídos socialmente e brotam internamente em cada indivíduo como algo que lhe pertence. Podemos pensar sobre alguns tópicos que relacionam zonas de prazer, por exemplo, a arte que através dos mais variados segmentos estabeleceu-se como geradora de prazer - poderíamos inclusive falar de arte a partir da estética, do próprio corpo humano. Aprendemos através da moda, através da música e assim por diante.Se o artístico hoje é prazeroso, então constituiu-se como ferramenta de aprendizagem. Que implicações isso possui para educação?

O construtivismo vem reforçar a realidade de que nosso ambiente sócio-cultural é o instrumental pelo qual se despertam os processos internos do indivíduo. A habilidade de estar entre aquilo que o indivíduo sabe e o que existe para aprender é a chave para o desenvolvimento. O reconhecimento de um processo contínuo permite construir a partir de algo já estabelecido, mas acima de tudo reconhecer que sempre há algo novo e dinâmico a ser integrado. Isto nos faz pensar também sobre o conteúdo que envolve cada etapa da vida de uma pessoa, o que seria essencial nos segmentos do ciclo da vida. Qual seria a base correta para cada nova etapa? Que características devem configurar o meio educacional?

Considerando a partir da Psicanálise que aprender depende da razão que motiva a busca de conhecimento e este ato de aprender depende essencialmente de uma relação com outra pessoa, nos perguntamos sobre aquilo pelo que as pessoas se sentem motivadas a buscar o conhecimento e quem são os que estão lhe oferecendo respostas para as curiosidades.

Se pensarmos em um grupo específico, por exemplo os jovens, poderemos identificar caminhos e ao mesmo tempo descaminhos pelos quais a educação é escrita. O prazer, as influências e a razão motivacional podem revelar preocupações em relação ao futuro, ou ainda, apontar respostas para efetivar aquilo que de fato é importante.

Ederson Malheiros Menezes

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Introdução à sociologia

A sociologia é ciência que estuda o homem em grupo e seus comportamentos sociais, morais, culturais, econômicos, entre outros. Desse modo, se junta à compreensão sociológica, a capacidade deste homem que vive em agrupamento, uma ampla análise dos conflitos: como a violência, as guerras, as crises sociais e políticas e também as atitudes de autoritarismo ou submissão de um povo frente à cultura de outro, seja por uma imposição religiosa, política, econômica, etc.

O pensamento sociológico se constitui diante um projeto intelectual tenso e contraditório, que pode ser imposto tanto por seus governantes – imposição sócio-econômica - como por seus governados. Certamente, por ter essas e outras características, podemos constatar que a sociologia representa uma poderosa arma que pode servir tanto aos interesses das classes dominantes, como para movimentos sociais e políticos que trabalham com ideologias de ruptura dessas classes, como MST (Movimento dos sem terra), partidos políticos de esquerda, sindicatos.

Então, diante de tanta contradição, como compreender a sociologia? Para que possamos compreendê-la melhor e esclarecermos esta questão, temos também que compreender outras disciplinas que são fundamentais para o desenvolvimento do nosso estudo, dentre elas citamos a filosofia, história e a geografia na parte de geo-política, pois a sociologia é um olhar investigativo que sobrevoa esse conjunto de matérias com seus respectivos conteúdos.

Desse modo, podemos entender que a sociologia é uma disciplina que vai nos chamar a atenção para uma tentativa de compreensão de situações sociais novas, criadas por ideologias e condições sociais, ou geográficas que nos auxiliam a entender melhor o comportamento social ou mesmo cultural de um determinado povo.

E, por isso, ela certamente teve a iniciativa de interferir de modo prático e ideológico, desde o seu nascimento, na mera vontade ou tentativa do homem em seus agrupamentos modificar os rumos da civilização.

Como podemos perceber, os interesses econômicos, políticos, de classes sociais, de trabalho, ideológico, são apenas alguns dos diversos aspectos que fundamentam e sustentam o pensamento sociológico.

Prof. Luciano Tavares Torres



QUAL É A ÁREA DE ATUAÇÃO DA SOCIOLOGIA?

Todas as vezes que temos um tempinho e ficamos sentados numa praça observando o vai e vem das pessoas, logo percebemos que algo acontece. Os motivos que levam uma ir e outras vir são diversos, mas, certamente, em todas há um por que disto acontecer.

Contudo, não podemos dizer que a razão disto é somente o trabalho, o dinheiro, a família, o stress da cidade grande, até porque estaríamos reduzindo muito a vidas das pessoas. Na verdade, tudo isto dito anteriormente faz parte do processo de vida do homem em sociedade. Sem dúvida, podemos considerar que é o fato das pessoas conviverem e se relacionarem que é o grande avanço social humano e, para melhor identificar e estudar esse comportamento, as Ciências Sociais se dividiu em quatro áreas específicas de conhecimento e estudo:

- Sociologia – Tem como área de atuação as relações de interação sociais e toda sua forma de associação como seus grupos, suas divisões, as camadas sociais, sua mobilidade social, enfim, tudo o que ocorre na vida em sociedade como cooperação, conflitos e competição na sociedade.

- Economia - Estuda todas as atividades humanas ligadas à produção de bens e serviços, a circulação de moeda e mercadorias, distribuição de renda e lucros na sociedade, o consumo, as políticas sociais de trabalho, emprego, salário, a produtividade de empresas e todo o emprego do capital (dinheiro) na sociedade.

- Antropologia – Pesquisa e estuda toda e qualquer semelhança e diferença existentes entre as diversas culturas e os agrupamentos humanos que ocorrem no mundo. Outra característica é o estudo de determinada sociedade frente à certos problemas e seus respectivos comportamentos ocasionados, sejam por fenômenos naturais, sociais ou econômicos. A leitura e análise da diversidade cultural, o modo de organização familiar, religiosa, da juventude, idoso, da mulher, entre outros, são também objeto de estudos da antropologia.

Ciência Política - Estuda como ocorre a distribuição de poder na sociedade, a sua formação e organização política e governamental, por exemplo; a formação dos partidos políticos, as eleições, entre outros.

Como podemos observar, não existe uma nítida divisão nas áreas de atuação das ciências sociais, embora cada uma tenha um olhar específico para analisar a sociedade. Nesse caso, podemos considerar portanto, a ciências sociais como aquele lugar que nos permite entender melhor a sociedade que vivemos e todos os processos sociais que nos rodeiam.


Prof. Luciano Tavares Torres




O QUE É FATO SOCIAL?

Antes de procurar saber qual é o método que convém ao estudo dos fatos sociais, é preciso determinar quais são esses fatos. Se não me submeto às normas da sociedade, se ao vestir-me não levo em conta os costumes seguidos no meu país e na minha classe, o riso que provoco e o afastamento a que me submeto produzem, embora de forma mais atenuada, os mesmo efeitos de uma pana propriamente dita.

Aliais, apesar de indireta, a coação não deixa de ser eficaz. Não sou obrigado a falar a língua de meu país, nem a usar as moedas legais, mas é impossível agir de outro modo. Se tentasse escapar a essa necessidade, minha tentativa seria um completo racasso. Se for industrial, nada me proíbe de utilizar equipamentos e métodos do século passado: mas se fizer isso, com certeza vou arruinar-me.

Mesmo quando posso liberta-me desobedecer, sempre serei obrigado a lutar contra tais regras. A resistência que elas impõem são uma de sua força, mesmo quando as pessoas conseguem finalmente vencê-las. Todos os inovadores, mesmo os bem sucedidos, tiveram de lutar contra oposição desse tipo.

Aqui está, portanto, um tipo de fatos que apresentam caracteristicas muito especiais: consistem em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se impõem como obrigação. Por isso, não poderiam ser confundidos com os fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e ação: nem com os fenômenos, psíquicos, pois estes só existem na mente dos indivíduos e devido a ela. Constituem, portanto, uma espécie nova de fatos, que devem ser qualificados como sociais.




O QUE INTERESSA AOS SOCIÓLOGOS?

Os homens em todo o mundo vivem em grupo. Isto favorece os sociólogos, uma vez que as consequências da vida em grupo são o objeto de estudo da Sociologia. O interesse pelos grupos é o que diferencia os sociólogos dos outros cientistas sociais. Entre outras coisas, os sociólogos querem saber: Por que grupos como a família, a tribo ou a nação sobrevivem através dos tempos até mesmo durante as guerras ou revoluções?

Por que um soldado deve lutar e enfrentar a morte, quando poderia esconder-se ou fugir? Por que o homem se casa e assume responsabilidades de família, quando poderia, com a mesma facilidade, satisfazer seus impulsos sexuais fora do casamento? Será que as pessoas que vivem em fritos pré-letradas isoladas, se comportam diferentemente das que vivem em Nova York, ou num subúrbio paraense? Os sociólogos interessam-se igualmente pelas causas das mudanças ou da desintegração nos grupos. Por exemplo, querem saber por que alguns casamentos terminam em divórcio. Querem saber por que há um maior número de divórcios em alguns países do que em outros, e por que o número divórcios aumenta ou diminui com o tempo. Querem saber, ainda, se o comportamento das pessoas se modifica depois de uma mudança do campo para a cidade ou da cidade para os subúrbios.

Finalmente, os sociólogos estudam o relacionamento entre os membros de um grupo e entre os grupos. Qual è o relacionamento entre marido e mulher e entre país e filho nos Estados Unidos de hoje? Assemelha-se esse relacionamento ao da família americana antiga em outros países? Quais as causas do conflito entre negros e brancos no Sul? O trabalho, a industria e o governo nos Estados Unidos estarão relacionados entre si da mesma forma que os similares na Austrália ou na Rússia?Por que alguns grupos da sociedade possuem riqueza e rnuá prestigio que outros?



COMO NASCEU A SOCIOLOGIA?

Augusto Comte (1798-1857) é tradicionalmente considerado pai da sociologia. Foi ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, no seu Curso de Filosofia Positiva. Mas foi com Emile Durkheim (1858-1917) que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência e como tal se desenvolveu.

Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia è estudo dos fatos sociais. Um exemplo simples nos ajuda a entender o conceito de fato social, segundo Durkheim: Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa adequada. Existe um modo de vestir, que todos seguem. Isso é estabelecido. Quando ele entrou no grupo, já existe tal norma quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O modo de se vestir é um falo social.

São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, as religiões, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo. Para Durkheim, os latos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. Embora existam na mente do indivíduo, são exteriores a ele e exercem sobre ele poder coercitivo. Resumindo, podemos dizer que os fatos sociais têm as seguintes características:


• Generalidade - o fato social é comum aos membros de um grupo;

• Exterioridade - o fato social é externo ao indivíduo, existe independentemente de sua vontade;

• Coercitividade - os indivíduos vêem-se obrigados a seguir o comportamento estabelecido.


Em virtude dessas características, para Durkheim os fatos sociais podem ser estudados objetivamente, como "coisa". Como a Biologia e a física estudam os fatos da natureza, a Sociologia pode fazer o mesmo com os fatos sociais. As obras de Durkheim foram importantíssimas para definir os métodos de trabalho dos sociólogos e estabelecer os principais conceitos da nova ciência. Entre essas obras, destacamos: A divisão do trabalho social e As regras do método sociológico.


BIBLIOGRAFIA:
"O que é Sociologia" - Autor: Carios B. Martins/Introdução à sociologia - Pérsio Santzos de Oliveira
“Filosofia e Sociologia” – Autor: Marilena Chauí & Pérsio Santos de Oliveira


Transformações na sociedade brasileira: política, sociabilidade e religião

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Como estudar e fazer sociologia

Vejamos algumas possibilidades:

Opção 1 - Pode-se dar prioridade a conceitos, criando livros de sociologia que mais se parecem com manuais de decoreba. Definições disso e daquilo, que os estudantes decoram e esquecem. Sociologia contra a sociologia;

Opção 2 – Pode-se dar prioridade a escolas, ou correntes de pensamento, chamando-as de escola funcionalista, escola positivista, etc. O problema é que, muitas vezes, essas tais escolas representam um aglomerado de preconceitos, conjunto de juízos depreciativos das escolas que o autor do livro não aprecia. Sob um manto falsamente científico - que se diz descritivo, mas é muito mais depreciativo do que descritivo -, escreve-se horrores, por exemplo, sobre Durkheim e Comte, acusados de serem funcionalistas e positivistas, já que tais expressões são carregadas de juízos negativos, como se fossem palavrões. Sociologia contra a sociologia;

Opção 3 – Pode-se dar prioridade a autores, como o fez Raymond Aron no livro As Etapas do Pensamento Sociológico. Parte-se da biografia de cada autor e identifica-se sua trajetória investigativa. Os autores são analisados a partir da relação de cada um com a sociedade moderna, que é o grande fato social estudado pela sociologia, além de ser o ponto de partida da existência da sociologia, ciência que nasce e se desenvolve na sociedade moderna (gerada pelas revoluções francesa e industrial), para a compreensão e ordenamento de tal sociedade (compreendendo a sociologia como ciência descritiva, interpretativa, compreensiva e racionalmente prescritiva, e não somente explicativa);

Opção 4 – Pode-se dar prioridade aos fatos sociais. Em vez de se fazer uma espécie de mapeamento conceitual, coisa mais adequada à filosofia social do que à sociologia, faz-se um mapeamento temático, factual, cujo ponto de partida é a transformação do antigo regime em sociedade moderna, por meio das revoluções francesa e industrial (aqui citadas como fatos sociais que se tornaram referências paradigmáticas, sem, claro, descolarem-se da história).

A sociedade moderna é o grande fato permanentemente estudado pela sociologia, com seus desdobramentos fáticos no tempo e espaço. A opção 3 (autores) não incorre em mera ilustração biográfica se permanecer conectada à identificação dos fatos estudados pelos clássicos, como o fez Aron em seu livro já citado.

A sociologia clássica, que estuda os fundamentos da sociologia, tem por objetivo compreender a interpretação elaborada pelos fundadores da sociologia (sobretudo Comte, Marx, Durkheim e Weber) sobre a sociedade (moderna) que surge da transformação revolucionária (revolução em sentido sociológico) do antigo regime; e compreender o método usado pela sociologia no estudo de tal nova (em sentido cronológico, não moral) sociedade. Estuda a sociedade moderna por meio do estudo dos óculos hermenêuticos dos fundadores da sociologia.

Quando a sociologia abandona a centralidade dos fatos, ela retorna à metafísica social, ou seja, deixa de ser sociologia. Não sou contra a filosofia, nem contra a filosofia social, mas contra a opção metodológica de quem não identifica claramente os limites, as fronteiras metodológicas entre filosofia social e sociologia, entre método dedutivo e indutivo. Há pensadores que se dizem sociólogos que navegam em complexos mapeamentos conceituais caracterizados pela ausência (quase) absoluta de referência aos fatos. A troca dos fatos por conceitos divorciados dos fatos caracteriza o abandono prático da sociologia, retorno à metafísica.

Sem fatos não há sociologia. Fatos e hermenêutica dos fatos selecionados (paradigmas) caracteriza o fazer e estudar sociologia. Na sociologia clássica, a referência (e reverência) a Comte, Durkheim, Marx e Weber é, certamente, obrigatória, na compreensão da sociedade moderna por meio do método indutivo (positivista, compreensivo, dialético). Na sociologia contemporânea, a referência a autores como referência central esconde uma injustiça: por que citar este ou aquele autor num universo de centenas de autores? Um autor pode ser mais famoso do que outro pelas circunstâncias editoriais de seu país. Fama editorial e relevância sociológica não são expressões sinônimas.

Além disso, se, de um lado, a sociologia clássica é originária da Europa ocidental, hoje, há sociologia em todos os continentes. Há sociólogos profissionais na América do Sul, Central e do Norte; na África; Ásia; Austrália... A opção pela centralidade dos fatos, com seleção de fatos relevantes em cada um dos 05 continentes, permite uma compreensão menos europeísta da sociologia (contemporânea). O estudo da sociologia contemporânea pode ser feito pela identificação de sociologias temáticas, com seus microfatos específicos (turismo, esporte, moda, consumo, trabalho, religião) conectados ao macrofato permanente: desdobramentos da sociedade moderna no tempo e no espaço, nos cinco continentes.

Há sociólogos europeus, pouco habituados a reconhecer a existência de vida fora do planeta Europa, que referem-se a problemas típicos da Europa ocidental como se fossem problemas de relevância universal. Ou, então, consideram que tudo o que ocorreu ou ocorrerá na Europa, deverá ocorrer igualmente também no resto do mundo. Assim, estudar a Europa de hoje, de ontem e de amanhã seria conditio sine qua non para a compreensão de experiências de outros continentes.

Tal pressuposto da cognição primordial e permanente da Europa como condição para a compreensão do resto do mundo, deixa os sociólogos não-europeus num injusto estado intelectual de subordinação cognitiva. A descolonização da sociologia começaria pela mentalidade daqueles sociólogos não-europeus que conhecem muitos pensadores franceses, alemães, ingleses e muito pouco os fatos vitais de seus continentes de pertença. Tal sociologia extraterrestre (imposta ou escolhida) em relação ao continente de pertença do pesquisador não descolonizado é, também, sociologia contra a sociologia. Que a sociologia tenha se desenvolvido voltada para a Europa, é uma condição normal de nascimento, mas que não precisa se perpetuar, da mesma forma como a filha não permanece para sempre na casa da mãe.

A descolonização (ou normal crescimento) da sociologia torna-se possível por meio da identificação e análise de fatos relevantes em cada continente. Não se trata de ser contra a Europa, terra dos fundadores da sociologia, continente com problemas dramáticos. Trata-se de ser contra certa espécie de complexo de inferioridade intelectual que ainda vitima a mente de sociólogos pertencentes a outros continentes, mas que trabalham como se o resto do mundo fosse eterna filial da matriz Europa.

Seja qual for seu continente de pertença, o sociólogo exerce uma profissão mais próxima a do jornalista e médico do que a do metafísico do social, com seus conceitos que seriam “universalmente” válidos.

Assim como não há jornal sem fatos, não há sociologia sem fatos. A diferença é que o sociólogo, ao contrário do jornalista, permanece por anos com o mesmo fato. O prazo de validade dos fatos sociais é maior do que o prazo de validade dos fatos jornalísticos.

Em suma, a sociologia é factualista, não é metafísica social, não é opção por conceitos distantes dos fatos, mas ciência que estuda fatos caracterizados pela vitalidade, dramaticidade e até mesmo tragicidade. Fatos sociais que não são técnicos (mesmo se estudados com a ajuda de técnicas de pesquisa), mas vitais. Por isso, a relação com a medicina, ciência que, entre outras coisas, descreve patologias (mais ou menos graves) para tratá-las (prescrição).

O sociólogo não pode se dar ao luxo de apenas explicar os fatos sociais(dramáticos, patológicos ou trágicos). Precisa, também, identificar possibilidades racionais de tratamento. Não basta, por exemplo, explicar as diferenças entre sistema eleitoral proporcional e majoritário. É preciso, também, fazer um esforço de compreensão para tentar identificar com critérios racionais qual deles seria melhor para o Brasil de 2011 (reforma política). Assim, uns sustentarão que o melhor seria o sistema A; outros defenderão o sistema B. A opinião pública fará suas escolhas, e os deputados votarão em A ou B.

A sociologia é, antes de tudo, factualismo hermenêutico. Para a metafísica, factualismo é defeito. Para a sociologia, factualismo hermenêutico é um dever metodológico.

A sociologia estuda fatos (problemas) locais e internacionais para compreendê-los, explicá-los, tentando, também, identificar possibilidades de tratamento. Ciência descritiva, hermenêutica, prescritiva. Ciência do social cuja legitimidade é conquistada na sociedade (e não apenas entre seus pares, na academia) pela demonstração profissional de sua utilidade, prática, nos continentes de pertença dos pesquisadores. Fora disso, o que ocorre é retorno à metafísica, sociologia contra a sociologia. 

Fonte: http://fabioregiobento.blogspot.com.br/2011/03/como-estudar-e-fazer-sociologia.html

Sociologia da Religião

Sociologia da Religião

A sociologia é uma ciência teórica que toma como objeto tudo o que for construção humana: a cultura, a arte(em todas as suas formas de expressão), a política (e a politicagem também), as ideologias, o gênero e suas representações sociais, assim como os papeis sociais, a religião, a cidade, o campo, as gerações e etc.
Um ramo da socióloga bastante discutido é a sociologia da religião. A sociologia da religião busca discutir as formas como a religião encorpada como uma instituição social influencia e é influenciada pelos agentes sociais que a constrói. Além de influenciar a sociedade e ser influenciada por ela, na sua forma de instituição social (a igreja), a religião toma proporções fora da sua forma convencional de representação, esse manifestando dentro de varias das instituições contidas dentro da sociedade, como a família, o trabalho e até no próprio estado.
Um dos primeiros sociólogos a tratar da sociologia da religião foi o alemão Max Weber com o seu Clássico: A ética protestante e o espírito do capitalismo, onde o mesmo trata de como a ética das religiões protestantes influenciava na formação dos países capitalistas mais desenvolvidos.
Além de Max Weber, o Frances Emile Dukheim fez da religião seu objeto de estudo, em uma de suas ultimas obras, as formas elementares da vida religiosa, onde o mesmo trata do fenômeno religioso buscando tratar a partir da vida da religião de aborígenes australianos.
Logo após muitos cientistas sociais se debruçaram sobre o assunto, dentre eles; M.Mauss, E.Gellner, E.Leach e P.Berger. Atualmente vários processos de transformações do contexto religioso mundial, como o sincretismo, a presença do sagrado e do profano no cotidiano humano, as novas religiões e novas formas de prática religiosa, o “estado laico” e o fundamentalismo religioso amplia cada vez mais o campo da sociologia da religião.

Beethoven Simplíco Duarte
Fonte: http://sociologiabetov.blogspot.com.br/2010/04/sociologia-da-religiao.html

Marilena Chauí fala sobre a classe média de São Paulo